A primeira vez que me falaram que estavam filmando mais uma versão de “King” Kong, eu juro que me perguntei: Por quê? Eu vou ser sincera e acho que toda a história de um gorila gigante ser levado para um circo/zoológico ou qualquer centro de entretenimento que exiba animais no gênero, está para lá de fora de moda, afinal hoje nós queremos respeito e dignidade para os animais. E por favor, toda a questão da zoofilia entre o Kong e a mocinha também já deu, não? Mas eis que na CCXP 2016, a Warner trouxe Jordan Vogt-Roberts para o Brasil, o diretor de Kong: Ilha da Caveira (Kong: Skull Island, USA, 2017) para apresentar o filme e eu estava presente no painel. 

Explicando que o filme desenrola contemporâneo à Guerra do Vietnã – Guerra aliás que está sendo pouco explorada pela indústria áudio-visual no momento – e que Kong seria “dono” de sua Ilha, confesso que fiquei intrigada para saber o que sairia da visão daquele diretor que parecia ser interessante o suficiente para trazer algo novo e fresco para uma história já tão contada. E não é que o filme foi uma surpresa positiva? Eis alguns motivos pelos quais você deve ver Kong:


1 – A “mocinha”

Apesar da Guerra do Vietnã ser uma guerra de pouquíssima participação feminina e, por consequência, o filme só ter DUAS personagens femininas, Brie Larson arrasa como a fotógrafa Mason Weaver. Embora não passe no teste de Bechdel, para a crítica de muitas mulheres, Mason (Brie Larson) não é mais uma donzela em perigo, não fica nos braços de nenhum mocinho e ainda enfrenta Samuel L. Jackson. Eu genuinamente acredito que o filme se passa através das lentes da máquina dela e que ela é a personagem principal, mostrando que não precisa de nenhum homem e nenhum gorila para sobreviver àquela confusão. Herói? Não, nós temos é uma heroína comandando a história.

2 – A ilha, e suas surpresas

Diferente da maioria dos filmes em homenagem ao Kong, acredito que fizeram algo bem interessante, bem “National Geographic” nessa versão. Acho que soma à história, ponto para a mudança! 

3 – A crítica social

O filme é uma crítica ao modelo americano de fazer Guerras e destruir tudo. Só que não é todo mundo que faz essa crítica usando um Gorila Gigante e Napalm. E a presença do Tom Hiddleston melhora qualquer metáfora.

4 – A cena pós crédito

Você TEM que ficar e ver. Nem que seja para voltar aqui depois e me xingar 😉

5 – Samuel L. Jackson sendo Samuel L. Jackson

Eu amo Jackson pois existem momentos que só ele proporciona seja um Jedi com um sabre lilás porque é BMF, a falar palavras que na boca de outro ator você consideraria ofensivas mas como é ele…

6 – O resto do elenco, em especial John C. Reilly

Tom Hiddleston, Brie Larson, John Goodman, mas vamos combinar que o prêmio de melhor surpresa do filme vai para John C. Reilly. Eu não posso falar muito pois sou fã do trabalho dele, mas achei que o papel dele está bem interessante: aquela personagem que faz a diferença no filme.

7 – O filme sabe dosar ação, comédia e momentos de tensão

Só John C. Reilly já faz metade desse trabalho sozinho. Além disso, foram usados outros artifícios para equilibrar as emoções, por exemplo: os truques que os próprios soldados usam como implicar uns com os outros ou suas piadas internas para se distrair da tensão – podem parecer forçadas inicialmente mas depois a gente acaba entendendo e participando. 

8 – A trilha sonora

Os americanos costumam dizer que cada guerra tem sua trilha sonora e, se passando com o cenário de fundo da guerra do Vietnã, a trilha do filme não deixa à desejar: um mix de sucessos e algumas faixas mais obscuras do fim dos anos 60 e dos anos 70, incluindo “Brother” do Jorge Ben Jor e encerrando com um super clássico da segunda guerra na voz de Vera Lynn.

9 – A mocinha e Kong NÃO se apaixonam!

Por favor, já cansamos do lugar comum Gorila gigante se apaixona por mocinha indefesa que fica com peninha do bichão “indefeso”. Kong não é um bichinho indefeso. E Brie não é uma mocinha indefesa. Portanto quando os dois se encontram o máximo que rola é admiração da parte dela, e dele indiferença. Kong percebe que ela não é um dos “bichos inferiores do mal” e portanto a deixa viver, mas acabou por aí. Sem segundas intenções, sem ciúmes, sem cenas românticas desnecessárias. 

10 – A cena dos helicópteros

A cena, que começa reminiscente da “Cavalgada das Valquírias” no filme Apocalypse Now, acaba um pouco diferente…

Se eu já tinha nervoso de andar em um…

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