Chegamos finalmente ao último filme da saga Jogos Vorazes (The Hunger Games, EUA, 2012-2015) . Alguns podem perguntar o porquê da importância da trilogia de Susan Collins ou dos quatro filmes. Existe toda uma geração que conheceu pela primeira vez o conceito do que é uma distopia lendo Jogos Vorazes (The Hunger Games Trilogy, EUA, 2008-2010), que, ok, pode não ser um Admirável Mundo Novo (Brave New World, Aldous Huxleu, Inglaterra, 1932) – minha distopia preferida – mas tem conceitos bem mais atuais e menos machistas: aqui a personagem principal e heroína da história não pertence a segunda classe de cidadãos por ser mulher (ou nunca ninguém reparou que não existem mulheres Alpha* no mundo de Huxley?). Katniss é sim pobre, filha de mineiro e uma curandeira, mas apesar disso ela é capaz de mobilizar e inspirar multidões a saírem de seus sofrimentos e lutarem por uma Panem melhor.
Um fato que não podemos deixar de falar aqui é que Katniss Everdeen é interpretada pela atriz Jennifer Lawrence, que foi um dos nome que mais rendeu para Hollywood no ano de 2014. Entretanto JLaw vive em um mundo onde ela é uma Beta*, afinal seu salário é menor do que de atores com o mesmo “star power” e que nasceram homens. E claro que o ator Jeremy Renner, que já deu vexame anteriormente, se referindo à personagem da Viúva Negra nos filmes como “whore” (prostituta) , decidiu abrir a boca mais uma vez para não somar nada de positivo a respeito da discussão sobre o sexismo nos salários em Hollywood. Renner disse que o problema não era dele ou de nenhum outro ator, mas sim dos agentes. E pensar que ele é pai de uma MENINA… É claro que estamos falando de valores ridiculamente altos demais para nossa realidade, mas como podemos ver nesse artigo, mulheres ganham aproximadamente U$0,25 a menos do que um homem por hora de trabalho, nos EUA.
Antes que alguém ache que eu quero que uma mulher ganhe a mesma coisa que um homem só por ser mulher, eu vou ser bem clara: eu acho que duas pessoas devem ganhar a mesma coisa se elas são igualmente qualificadas, independente se elas são de Plutão, tem língua verde, cabelo roxo ou acreditam em coisas diferentes, como uma gosta de Star Trek e outra Star Wars (sim, religião também não é motivo também para preconceito).
Aliás, o filme me surpreendeu positivamente. Eu esperava me emocionar, chorar e todas essas coisas, afinal li os livros. E apesar de um pouco longo, é um desfecho de uma saga, e um final digno que amarra todas as pontas – algumas que eu já reclamei no passado inclusive. Agora que já tiramos tudo isso do caminho vamos falar um pouco do filme? Katniss foi a primeira heroína de verdade nesse novo universo infanto juvenil, e que não sofre de complexo de “princesa na torre” como a Bella de Crepúsculo (The Twilight Saga, EUA, 2008-2012) ou de mártir como a Trix de Divergente (The Divergent Series, EUA, 2014-?). E se você tinha alguma dúvida sobre a força de Everdeen porque nos outros três filmes existe um triângulo amoroso, pode ter certeza que A Esperança O Final (The Hunger Gamer: Mockingjay Part 2, EUA, 2015) mostrará não só as inseguranças de Katniss, mas a sua capacidade de tomar atitudes que justificam a lealdade de todos que seguem O Tordo, como é chamada.
E se você teve paciência para chegar até o fim dessa coluna comigo, eu espero que dê uma chance de repensar um pouco em alguns dos seus conceitos e tentar entender quem é a autora que impressionou tanto uma geração. Susan tem uma mensagem para passar, uma mensagem que nos livros de Jogos Vorazes me parece mais sutil, mas que para mim ficou muito mais clara nesse último filme: encontrar sua voz e sobreviver em mundo cheio de guerras é muito difícil, mas se você for como Katniss, uma pessoa preocupada com o mundo e com a sobrevivência do mesmo, você irá encontrar a sua voz e o seu espaço para fazer a diferença!
*Alpha e Beta são classes sociais da sociedade de Admirável Mundo Novo
Não curti muito este filme. Achei chatinho
Interessante. Não assisti, mas há tempos que tenho vontade. Agora que a saga acabou posso ver tudo em sequência. Valeu a recomendação!