Em primeiro lugar, acho que cabe aqui falar sobre a beleza do filme. Cenas lindas de chuva, vidros empoeirados, transições belas e uma trilha sonora que até a minha mãe reconheceu como uma das melhores que ela ouviu recentemente. O cuidado com que a Cidade dos Macacos foi feita é incrível, tudo o que os fãs de Star Wars – eu inclusive – queriam para os Ewoks! 😉 A questão da Antropologia e evolução da civilização de Cesar também é retratada de forma brilhante: enfeites de ossos, trabalho com palha, lanças, contas para enfeitar as fêmeas, trabalhos com couro trançado… Enfim, tudo propositalmente feito para explicar a transição e a história de 10 anos de evolução dos símios.
Minhas dúvidas sumiram nessa segunda sessão: o filme não se trata de uma versão “ambientalista” ou “anti-armas” como algumas críticas sugeriram. Na verdade, o filme se atualiza, transformando o medo da viagem para a Lua, guerras atômicas e o racismo, questões super relevantes em 1968, em medo da evolução da ciência, guerras biológicas, o fim da energia elétrica e o simples ódio entre dois seres que não conseguem parar de culpar um ao outro e, portanto, desejam a morte de todos os outros que são daquela maneira. Esses são os nossos medos hoje, e na minha opinião, eles foram bem retratados de forma muito óbvia, mas interessante. Acho que até demonstram um certo medo da humanidade da sua própria evolução, revelado aqui no pânico que os humanos têm que os macacos sejam mais evoluídos e melhores que nós, papel esse que cabe a Kirk Acevedo, que faz contraponto ao personagem de Koba, ambos se odiando.
Então vamos “Dar a Cesar o que é de Cesar” e parabenizar a todos aqueles que souberam deixar Andy Serkis como ator principal, em vez de uma personagem humana. E nos resta esperar: o próximo filme e saber quando a Academia irá reconhecer que existe um ator de carne e osso por trás da computação gráfica.